Fígado gorduroso metabólico (MASLD) e risco cardiovascular
A doença hepática gordurosa associada à disfunção metabólica (MASLD, antigo NAFLD) afeta cerca de um terço da população adulta e é ainda mais comum em pessoas com diabetes tipo 2 e obesidade.:contentReference[oaicite:4]{index=4}
Esses pacientes não morrem principalmente de cirrose: as principais causas de óbito são eventos cardiovasculares e alguns cânceres extra-hepáticos. A presença de fibrose hepática avançada aumenta ainda mais o risco de eventos maiores.
Isso significa que, para o cardiologista e o clínico, o fígado gorduroso é um marcador de risco sistêmico. Identificar fibrose relevante permite intensificar o controle de pressão, glicemia, lipídios, peso e cessação do tabagismo.
O que o FIB‑4 faz (e o que ele não faz)
- É um score de triagem: ajuda a estimar a probabilidade de fibrose avançada.
- Tem alto valor preditivo negativo para descartar fibrose avançada quando < 1,3 em adultos até 65 anos.:contentReference[oaicite:6]{index=6}
- Não foi feito para ser usado isoladamente em menores de 35 anos ou > 65 anos (por isso o ajuste de ponto de corte).
- Não substitui elastografia, outros escores, avaliação etiológica nem julgamento clínico.
- Serve como gatilho para organizar o fluxo: acompanhar na APS, solicitar segundo nível ou encaminhar ao hepatologista.
Nesta página, o cálculo é automatizado apenas para facilitar a discussão médico–paciente. Decisões clínicas devem seguir protocolos institucionais e diretrizes atualizadas.
Calculadora FIB‑4
Use resultados laboratoriais recentes (idealmente ≤ 6 meses), em pacientes adultos com suspeita de MASLD e sem hepatite viral ativa, consumo significativo de álcool ou outras causas conhecidas de hepatopatia crônica.
Interpretação resumida (adultos)
Baseado em diretrizes EASL/AASLD para MASLD e NAFLD.:contentReference[oaicite:7]{index=7}
- Adultos ≤ 65 anos:
< 1,3 → baixo risco de fibrose avançada
1,3–2,67 → zona cinzenta (avaliar segundo nível: elastografia / ELF / hepatologia)
> 2,67 → alto risco, considerar encaminhamento. - Adultos > 65 anos:
< 2,0 → baixo risco
2,0–2,67 → intermediário
> 2,67 → alto risco. - Sempre interpretar com o contexto clínico, etiologia e outros escores (NFS, ELF, Agile 3+, etc.).
Integração com o manejo do risco cardiovascular
Em pacientes com MASLD, a gravidade da fibrose hepática está fortemente associada a desfechos cardiovasculares, renais e oncológicos, além de complicações hepáticas.
Um FIB‑4 elevado é um marcador de risco sistêmico: sugere maior probabilidade de fibrose avançada e deve disparar uma revisão agressiva de controle pressórico, glicêmico, lipídico, peso, tabagismo e sedentarismo.
A página foi pensada para facilitar essa conversa ao lado do paciente: o score é calculado em tempo real, e o médico pode explicar o impacto da fibrose na saúde cardiovascular de forma visual.
Fluxo prático sugerido (adultos com esteatose metabólica)
- Confirmar contexto clínico: síndrome metabólica, DM2, obesidade, exclusão de causas secundárias de esteatose.
- Calcular FIB‑4 com exames recentes (AST, ALT, plaquetas).
- Baixo risco → seguimento na APS; reforçar mudanças de estilo de vida e otimizar prevenção CV.
- Risco intermediário → solicitar elastografia / ELF, ou discutir encaminhamento à hepatologia.
- Risco alto → encaminhar a especialista e rastrear complicações (incluindo varizes, HCC conforme diretrizes).
Adapte o fluxo ao seu protocolo institucional. O objetivo aqui é integrar fígado e coração, não substituir pathways locais.
Dúvidas frequentes
Se meu FIB‑4 der “baixo risco”, estou livre de problemas no fígado?
Não. Um resultado de baixo risco significa apenas que, pelos exames de sangue e pela idade, a chance de fibrose avançada é pequena. Ainda assim podem existir inflamação no fígado, risco cardiovascular aumentado e outras doenças associadas. Continue o seguimento com seu médico.
Por que quem tem fígado gorduroso corre mais risco de infarto e AVC?
O fígado gorduroso metabólico costuma andar junto com obesidade, pressão alta, diabetes e colesterol alterado. Além disso, a inflamação crônica do fígado se relaciona à inflamação dos vasos sanguíneos. Esse conjunto aumenta a chance de entupimento das artérias do coração e do cérebro.
Posso usar essa calculadora para decidir se preciso ou não ir ao médico?
Não. A calculadora serve apenas como apoio à conversa com o médico. Qualquer sintoma, exame alterado ou dúvida deve ser avaliado em consulta. Nunca inicie ou suspenda tratamentos apenas com base no FIB‑4.
O que posso fazer para proteger meu fígado e meu coração?
As recomendações principais incluem: manter peso saudável, praticar atividade física regular, controlar pressão, glicemia e colesterol, não fumar e evitar consumo excessivo de álcool. Seu médico pode discutir ainda o uso de medicamentos específicos para diabetes ou obesidade que também ajudam o fígado.
Sobre o responsável pelo conteúdo
Conteúdo científico e revisão baseados em diretrizes internacionais recentes de hepatologia, cardiologia e diabetes, adaptados para a realidade clínica do consultório.
Sugestão: insira aqui seu nome, CRM, titulações (ex.: cardiologia, eco, etc.) e um breve parágrafo sobre sua atuação em prevenção cardiovascular e doenças metabólicas.
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